Primeiro capacete para motos feito em impressora 3D está em fase de testes

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De acordo com o idealizadores do projeto, o produto é 40% mais eficiente que os modelos convencionais

As impressoras 3D se popularizaram em meados de 2009, quando seu preço se tornou mais acessível graças ao avanço de tecnologias como Arduíno e Raspberry. No começo, era usada exclusivamente por “hobbistas”, pessoas dispostas a passar horas a fio (e desembolsar alguns milhares de dólares) pesquisando, montando e configurando seu equipamento antes mesmo de poder usá-lo. Hoje, no entanto, a impressão 3D já está bem difundida e acessível. Um modelo básico, já pronto para uso, pode ser encontrado por cerca de R$ 2.500,00.

Com isso, surgiram na internet inúmeras opções do quê fazer com tais equipamentos. Desde vasinhos para plantas, bonecos de super-heróis, maquetes, até mesmo peças para carros, suportes e armas de fogo; este último, aliás, fonte de grande preocupação para governantes.

Unindo essa tecnologia a outras, a startup “Ibex Helmets” desenvolveu um novo conceito de capacetes de moto baseado em impressão 3D. Após mais de 2.000 horas de estudos e pesquisas, conseguiram chegar a um produto 40% mais eficiente, usando materiais e técnicas especialmente desenvolvidas para absorção de impacto.

Tecnologia de ponta

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Para contornar problemas como eventuais descolamentos de partes, comum em impressões 3D, a equipe de pesquisadores revestiu o produto com camadas de uma substância elastomérica (um tipo de borracha que não rasga e é super leve), tornando a parte externa do capacete segura e quase indestrutível. “A impressão 3D foi fundamental para atingirmos resultados tão satisfatórios. Não seria possível confeccionar uma peça dessas com plástico injetado”, relata Murilo Martinatti, co-fundador da startup.

Outra novidade é a parte interna, que não usa isopor (poliestireno expandido). De acordo com o pesquisador José Roberto de Oliveira, sócio e co-fundador da Ibex Helmets, “o isopor, que deveria absorver o impacto no capacete, sofre deformação máxima de 40%. Depois disso, fica rígido como madeira. Nosso produto tem taxa de deformação próxima de 95%”, relata.

Cada um na sua

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E as novidades não param por aí: o comprador deverá informar não somente o tamanho do seu capacete, mas também seu peso e a potência da sua moto. Com isso, a empresa criou métodos de fazer o produto personalizado e único. “É inseguro vender um capacete com base só no tamanho da cabeça do indivíduo. Por isso, estimamos um mínimo a ser homologado e desenvolvemos uma maneira de adaptar, ainda que sensivelmente, a proteção do usuário de acordo com o seu peso e potência de sua moto”, afirma Oliveira.

A confecção do capacete se baseou no crânio humano que, segundo o especialista, foi “feito para quebrar”. “Nosso capacete natural evoluiu justamente para proteger o cérebro da energia de impacto externo. Ele é poroso exatamente para sofrer essa deformação. O importante, para a mãe-natureza, é não deixar a energia chegar ao cérebro. E o crânio absorve com perfeição o impacto de quedas da nossa própria altura. Com base nisso, fizemos o Ibex Capra Honeycomb”.

O produto, de acordo com os fundadores da empresa, já está em fase de testes. “Estamos em busca de investidores para início do processo de fabricação”, contam os sócios. Após a aprovação pelo Inmetro, que deve ocorrer até o final deste ano, será disponibilizado para vendas ao público com previsão de início em março do ano que vem (2019).

O preço ainda não foi divulgado, mas estima-se que não supere os atuais modelos importados: “Por ser um produto personalizado, feito artesanalmente e não produzido em larga escala, não será possível concorrer com as marcas mais populares. Mas estamos trabalhando para torná-lo o mais barato possível, inclusive, negociando com fornecedores de matéria-prima. Acreditamos que todos devem ter acesso a produtos mais seguros, principalmente se tratando de um capacete de moto”, frisa Martinatti.

Todas as novidades e demais informações podem ser acompanhadas no site da empresa (www.ibexhelmets.com) e também na página do Facebook (facebook.com/ibexhelmets).

Ex-piloto de Fórmula 1 comenta sobre a customização de moto com impressora 3D precursora no Brasil

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O empresário e ex-piloto de Fórmula 1, Tarso Marques, que comanda o quadro “Lata Velha” no Caldeirão do Huck e no AutoEsporte, da TV Globo, releva detalhes do projeto precursor no uso da impressão 3D para a customização de motos no Brasil. Desde o início da customização com impressoras 3D, mais de 20 veículos personalizados foram entregues.

Modelar carenagens que serão feitas em aço, alumínio ou fibra de carbono ou ainda fabricar peças finais de plástico como faróis, filtro de ar, suportes e peças para luzes de freio. Essas são algumas das aplicações das modernas impressoras 3D para a customização de motos feitos pelo estúdio TMC, dirigido por Tarso Marques. Precursor no uso da tecnologia para a customização de carros e motos no país, ele revela detalhes de projeto, que é considerado um divisor de águas para customização no Brasil.

“Começamos a trabalhar com impressoras 3D em projetos há quase dois anos e, de lá até o momento, posso afirmar que a evolução é constante. A primeira moto desenvolvida com a tecnologia representa um divisor de águas no conceito de customização de veículos no Brasil. A impressão 3D nos permitiu que inseríssemos muitas novidades desde o conceito mais ‘clean’ até as rodas grandes, suspensão, entre outros detalhes. Hoje, já temos várias motos desenvolvidas com a impressão 3D e outras em processo de fabricação. Algumas, inclusive, que devemos levar para disputar campeonatos neste ano”, comenta Tarso Marques.

“Também estamos fazendo uma quantidade enorme de peças nas impressoras 3D. Não apenas como moldes, mas para fabricar componentes que ficarão na moto porque são altamente resistentes e com ótimo acabamento. Por tudo isso, as perspectivas da impressão 3D não têm limites. Aprendemos diariamente através das impressoras 3D e pretendemos ir além neste novo conceito de customização”, complementa o empresário.

Detalhes

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Cerca de seis meses foi o período necessário para o desenvolvimento do projeto até a finalização completa da primeira moto customizada através do uso de impressão 3D pelo estúdio TMC.

“A criação do conceito e desenvolvimento técnico foram muito demorados por se tratar do primeiro exemplar com uso da impressão 3D e porque tivemos que modelar muitas coisas. O projeto foi mais lento do que a construção em si, mas inseriu muitas novidades. Eram elementos com diferenciais fabricados pela primeira vez no país como é o caso das rodas grandes, os freios até a suspensão”, diz o empresário Tarso Marques.

“A moto baixa e super conceitual com desenho agressivo e limpo. Foi criada com base no design específico que o cliente solicitou e ficou como queríamos. Algo que não fosse exageradamente grande e com uma ciclística perfeita. Agradável para andar tanto em viagens longas como no dia-a-dia na cidade. Também atendeu a necessidade de garupa mesmo com o para-lama próximo ao pneu. Além disso, trouxe inovações como a suspensão diferenciada; o centro de gravidade mais baixo que uma moto original; uma frente totalmente usinada e as rodas com aro 26 na frente e 18 na traseira. Tudo feito aqui”, complementa.

“Com relação ao motor, utilizamos o Evolution de 1340cc de 1995, um verdadeiro marco na história da Harley-Davidson. É um dos últimos com a versão de motor moderno e carburado porque depois elas ganharam injeção eletrônica. Dessa forma, temos uma moto com alta cilindrada, porém carburada para ter uma marcha lenta com o som e o charme da marca”, conclui.