Rumo ao Infinito

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Foto: Divulgação

Foram 18 países, mais de 90 mil quilômetros rodados e inúmeras histórias para contar. Tudo isso sobre uma BMW F 800 GS Adventure, ano 2015. Esses números definem um pouco da aventura que Mauro Coutinho Damasceno, de 56 anos, “marketólogo” por formação e balconista de farmácia por profissão, viveu durante quase dois anos junto com a sua moto na Expedição Continente Americano, que teve início em 2015 e proporcionou momentos de diversão, liberdade e, também, desafios.

A ideia inicial era viajar sozinho, mas no meio do planejamento e percurso, Mauro fez muitas amizades e, assim, teve companhia durante toda a viagem.

Alguns dos locais visitados foram: Chui, Punta del Este, Montevidéu, Colonia del Sacramento, Buenos Aires, Mar del Plata, Baía Blanca, Comodoro Rivadavia, Rio Gallegos, Ushuaia, Punta Arenas, Parque Nacional Torres del Paine, El Calafate, Perito Moreno, Bariloche, Concepcion, Santiago, Valparaiso, Mendoza, Antofagasta, Calama, Iquique, Salar de Uyuni, Potosi, Oruro, Cochabamba, La Paz, Copacabana, Puno, Juliaca, Arequipa, Cusco, Machu Picchu, Nazca, Lima, Cuenca, Guayaquil, Quito, Bogotá, Barranquilla, Cartagena, Colón, Cidade do Panamá, Piedras Blancas (Finca Villa Bela), São José, entre muitas outras regiões.

O motociclista é um exemplo para quem pensa em se aventurar em viagens de longas distâncias. Ele conta que, para seguir sem ter grandes imprevistos e problemas, planejou a expedição durante meses, comprou uma moto nova e, é claro, guardou dinheiro e buscou patrocínios. “Foi a grande viagem da minha vida. Tudo o que eu havia visto até então, desde a minha infância até agora, pela televisão, cinema ou revistas, eu pude ver pessoalmente nesse roteiro. Basta ter coragem, determinação e planejamento”, explica Damasceno.

Cuidados com a moto

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Foto: Divulgação

Os cuidados com a companheira de viagem foram essenciais para o êxito da expedição. Ao todo, foram 10 revisões completas, 10 trocas de óleo e aproximadamente sete mil litros de gasolina. “Minha moto era meu meio de transporte, o cuidado foi importante para não ter problemas com ela e, portanto, fiz as revisões a cada 10 mil quilômetros nas agências autorizadas. Manutenção e cuidados são imprescindíveis nessas aventuras”, comenta.

Mauro reforça que, quando se faz uma viagem como essa, de longa distância, algum contratempo aparece no meio do caminho, como por exemplo, tombos, chuva, neve, frio, calor, mas aí é preciso saber se adaptar. Para ele, o maior problema foi em relação à tentativa de assalto que ocorreu por duas vezes, uma no Brasil, quando saía da cidade de Pelotas (RS), e outra em Sucre, na Bolívia. ”Fui perseguido por dois motociclistas em uma tentativa de assalto a mão armada, mas consegui despistar os meliantes e fugir pelas ruas da cidade”.

Por isso, se você quer viajar de moto para longas distâncias, precisa ter um planejamento detalhado, cuidadoso e determinação. Mauro já tinha realizado a Expedição Primavera, em 2009, na qual viajou pelo Brasil, do Oiapoque ao Chuí, e visitou todas as capitais brasileiras. Foram 118 dias e 30 mil quilômetros rodados. “É preciso estar atento a tudo, se organizar e estar preparado para imprevistos, usar equipamentos de segurança, cuidar da manutenção da moto e de você. Depois disso, é só colocar o pé na estrada e deixar fluir o seu espírito aventureiro”, finaliza.

A viagem – Depoimento do Aventureiro

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Foto: Divulgação

“Embora possam me chamar de sonhador, louco ou qualquer outra coisa, acredito que tudo é possível e realizável. Basta ter coragem, determinação e planejamento”, trecho do livro “Na Solidão do meu Capacete… A Viagem”. “Quando comecei a projetar a viagem o fiz sozinho, mas no decorrer do planejamento fiz contato com a Lila, uma historiadora de Londrina (PR), que tinha um projeto de escrever um livro sobre a colonização maia na América Central e gostaria de visitar o México, que é o berço da civilização maia. Durante as conversas, decidimos seguir viagem juntos, e assim fizemos, mas, ao chegarmos ao Ushuaia, ela começou a sentir fortes dores na coluna e inchaço nos pés, provavelmente devido às condições de tráfego”.

Ao chegar à cidade de Calafate, na Argentina, Lila teve que abandonar o projeto e retornar ao Brasil. “Daí em diante, segui a viagem sozinho. Atravessei o Chile e a Bolívia e retornei ao Brasil, na cidade de Cuiabá, para o noivado da minha filha. Ainda em Cuiabá, encontrei o amigo argentino Luciano Bentancourt, que havia me recebido e dado apoio em Buenos Aires, e que também seguia viagem rumo ao Equador, e daí em diante seguimos juntos até a cidade de Guayaquil”, diz Mauro.

Antes, porém, em Mancora Beach, no Peru, o viajante conheceu Julian Novais e Mateo Lobato, dois argentinos da Tierra Del Fuego, que estavam seguindo para o Alasca. “Conversamos e decidimos seguir viagem juntos. Dali em diante foram 10 meses de amizade, parceria, peripécias e aventuras por quase 70.000 km, sempre juntos”.

Situações perigosas

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Foto: Divulgação

Quando se faz uma grande viagem como essa, nem tudo são flores. Além dos transtornos costumeiros, o que mais assustou Mauro foi a tentativa de assalto já citada acima. “Consegui ludibriar os meliantes e empreendi fuga pelas ruas da cidade, mas sei que isso é muito arriscado”, conta.

Ainda na cidade de Potosi, na Bolívia, uma greve de trabalhadores do transporte fechou as rodovias e as cidades por aproximadamente 10 dias. “Nesse período, consegui entrar na cidade e tive que esperar uma semana para poder sair, e só consegui porque fui escoltado por policiais motociclistas que me conduziram até os limites da cidade. Assim consegui seguir viagem, porém, tive que ficar parado em outra cidade por falta de combustível por mais quatro dias”, conta Mauro.

Curiosidades

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Foto: Divulgação

Geralmente, quando se trata de uma viagem ao Alasca, o que mais escutamos é com relação à travessia do Tapón de Dárien, região que fica entre a Colômbia e o Panamá. A região de Darién é uma área de floresta tropical, localizada na fronteira da América Central (Panamá) e América do Sul (Colômbia), que historicamente tem funcionado como uma barreira natural entre os dois subcontinentes.

Existem duas maneiras distintas para a travessia: de avião, de Bogotá até o Panamá, ou via marítima, saindo de Cartagena das Índias, ou ainda pelo porto de Turbo. “Nós fizemos por Turbo. Carregamos as motos em um barco de mercadores que vendiam produtos pelas ilhas do mar do Caribe aos índios Kunas. Embarcamos as motos em Turbo e seguimos até Capurganá, na divisa com o Panamá, em uma lancha rápida que transporta passageiros. Pernoitamos em Capurganá e, no dia seguinte, fizemos os trâmites de aduana e embarcamos. A viagem durou 14 dias de ilha em ilha. Ficamos observando os comerciantes vendendo as mercadorias aos índios e desfrutando as belezas do mar do Caribe. Na volta, fizemos de avião do Panamá até Bogotá”, finaliza.

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